revolucao

o ex-revolucionário

eu ia mudar o mundo
mas o mundo era grande,
então me contentei em mudar minha cidade
mas a cidade era dura,
então decidi mudar de cidade
e hoje me contento
em mudar de lugar
os móveis do quarto

W.G. Gardel [02/08/2018]

Novembro de 2015

Pimenta na cara do estudante
é grotesco.
Mais Vale um Rio Doce
do que essa enxurrada de lama
que sai da boca podre
de quem só repete mentiras
e desemboca sobre
pessoas e águas puras.

É pau, é pedra,
é vândalo, bandido, oposição.
Ladrão que rouba ladrão
que rouba ladrão
que rouba ladrão
tem o poder
de prender
quem rouba só pra ter pão.
Repressão.

A escola de lata
virou de cimento,
ganhou porta, ferrolho,
fachada
…e foi fechada.

Nesta terra de cego,
quem tem um olho
cobre com uma mão,
enquanto estende a outra
pra disparar balas
e apanhar o bolo
que faz calar a boca.

Respeito é bom e conserva os dentes,
e pra quem é conserva
não tem conversa,
qualquer “pare” ofende,
quem não é de bem
não é gente, também.

O que interessa
é impedir quem parece
estar à frente de tudo
e fechar os olhos
pra quem vem atrás
atravancando e empurrando
todo mundo
pro abismo da ignorância.

Sem respeito à infância,
ao sonho da criança
que só quer estudar
pra se livrar
do peso de estar
há gerações no mesmo lugar.

Na câmara, só farsa
na câmera, desgraça
sorriso, disfarça,
pensa bem
me diz, parça
como alguém
passa o pano,
varre pra baixo do tapete?

Deus, nosso Senhor
que nos proteja
e esteja
presente
quando bater no ventilador.
Porque, aí,
a gente
não vai mais
baixar a cabeça pra governador
(nem senador, deputado, presidente).

A gente não tomou partido
até que partiram a gente
então é melhor sair da frente.

W.G. Gardel [13/11/2015]

Poema Político

Eu não conheço, dos homens, as leis.
Não sei dizer os quandos, ondes ou porquês.
Conheço, mal e mal, a liberdade
Que tenho dentro dessa sociedade.

Não leio a política nos jornais,
As notícias que tiram minha paz.
Eu nunca vi uma sessão do Senado,
Não conheço as leis que eles têm votado.

Tudo o que eu sei sobre esse meu País
É que o meu povo sabe ser feliz
Mesmo não tendo motivo pra ser.
Conheço a fome, que dói só de ver.

Conheço o riso gostoso estampado
Na cara do irmão que sofre calado,
Que acorda antes das cinco da manhã
Pra colocar o pão na mesa da irmã.

Eu não sei definir cidadania,
Porém já pude sentir a agonia
Nas lágrimas de tristeza de um pai
Por seu filho, que num tiro se esvai.

Eu não sei a diferença que existe
Entre a ética e a moral. Mas sei, triste,
Que alguns ratos que abandonaram os dois
Não pagaram pelo seu mal, depois.

E sei, também, que o pobre, quando o faz,
Afanando o pão que pra casa traz
Pra pôr na boca da cria minguada,
Passa a vida numa cela lotada.

A justiça, com seus olhos vendados,
Com os seus dois pratos adulterados
E sua espada divina sem fio,
Sorri, plácida, como quem não viu.

A democracia é um sonho inocente
Onde a dor do meu povo é mais pungente,
Porque ele acredita em quem elegeu
E é traído por aquele em quem creu.

Eu não conheço os homens que usam terno,
Que fazem deste País um inferno.
Mas canto em meu verso a alegria e dor
De quem acolhe o Cristo Redentor.

W.G. Gardel [23/05/2013]