Há um tempo passei a publicar somente no Medium: medium.com/@wggardel
Também tenho publicado textos e poemas no Instagram @wggardel junto a fotos (em geral, analógicas).
Se você chegou até aqui, vá até lá, também!
Nos vemos.
Há um tempo passei a publicar somente no Medium: medium.com/@wggardel
Também tenho publicado textos e poemas no Instagram @wggardel junto a fotos (em geral, analógicas).
Se você chegou até aqui, vá até lá, também!
Nos vemos.
Se quiser saber de mim
não pergunte ao meus,
que sabem somente o que lhes conto.
Nem busque em meus registros
– analógicos ou virtuais –
que de mim mesmo me escondo.
Pergunte aos meus sapatos por onde andei
e às minhas roupas das saudades
que deixei escapar pelos poros.
Pergunte aos bancos das praças em que sentei
das tardes que me levaram os anos
em tão poucas horas.
Pergunte ao vento dos cabelos
que me obstruíram a visão
me protegendo de ver o inevitável.
Se quiser saber de mim
não procure em meus retratos
que não são senão recortes
meticulosamente planejados.
Não escreva à minha mãe,
nem ligue para o escritório.
Pergunte ao trocador do ônibus
das passagens que pedi fiado
para descer no ponto seguinte
e aos donos de cafés
em que entrei e me sentei, mas bebi somente água.
Ouça os discos riscados e leia os livros gastos
que entulham as minhas estantes
e pergunte a eles como me conhecem tanto
se vieram tanto tempo antes.
W.G. Gardel [30/11/2018]
Meus braços são curtos demasiado
para o propósito que lhes proponho.
Não há mais nobre propósito ou sonho
mas são inúteis os braços que trago.
O coração que tenho é muito raso
para conter o que a ele atribuo.
Tudo que meus olhos pensam no escuro
não me cabe no coração tão vago.
Não tenho na alma a fibra que preciso
para cumprir, do espírito, a missão
não sei de quem, há muito, recebida.
Não obstante, vou seguindo a vida,
aos poucos alongando com um sorriso
meus braços, minha alma e o coração.
W.G. Gardel [18/08/2018]