Pensamentos

Um tempo

Há um tempo passei a publicar somente no Medium: medium.com/@wggardel

Também tenho publicado textos e poemas no Instagram @wggardel junto a fotos (em geral, analógicas).

Se você chegou até aqui, vá até lá, também!

 

Nos vemos.

 

Brisinha 34

Na poeira dos olhos trago os ácaros do tempo e as traças de ressentimento, responsáveis por corroer em mim os bons sentimentos e infestar meu espírito de coriza e náusea. Os músculos da coluna cervical rangem e calejam sob o peso de toda culpa, vergonha, mágoa e raiva que juntei pelo caminho como um catador de papelão sem carroça que sobrecarregasse seu ofício também com tijolos e cacos de vidro. Engulo seco as palavras que não digo por não ter a quem dizê-las e me engasgo com suas teias de aranha. Aspiro e assoo o nariz constantemente para me livrar do cheiro de naftalina que têm todas minhas frustrações e me lavo com pedra-pomes na esperança de arrancar essa camada de apatia que me envolve a carcaça. Cada perdão que pedi e doei a contragosto se oculta em uma cova diferente em minha boca; guardei no vão dos molares o pedaço do coração que você me atirou e fez engolir, e aquela promessa de não voltar escondi debaixo da língua. Minhas juntas estalam nossa separação a cada vez que me espicho e tento caber no espaço de nós dois. Roí todas as unhas para cuspir a tua pele que ficou presa debaixo delas.

W.G. Gardel [20/06/2018]

Ações e Reações

Cada passo dado em frente
te deixa mais pra trás de mim.
Cada esforço consciente
de voltar ao início, me aproxima do fim.

Cada atitude tola, impulsiva,
me mata um pouco de cada vez,
e vai te tirando da minha vida
com golpes de insensatez.

Eu que só quis ter de volta
tudo aquilo que perdi,
forcei a fechadura, selei a porta
que me levaria pra ti.

Eu, que só queria teus olhos nos meus
como tantas vezes antes,
vou tornando cada vez mais real o adeus
com minhas atitudes infantes.

Eu que escrevo pra gritar “vá embora!”,
sussurro na entrelinha “volta, Amor”.
Mas, se você voltasse agora,
poderíamos viver sem sofrer e sem ter rancor?

W.G. Gardel [30/01/2015]